madeira news

Feb 27, 2021 - 4 minute read

Escolha de Miguel Brito divide socialistas do Porto Santo

A escolha de Miguel Brito para candidato à Câmara Municipal do Porto Santo não 
é pacífica. Ex-presidente da concelhia acusa Paulo Cafôfo de não ter ouvido os militantes. Teresa Leão, ex-presidente da concelhia do PS, é uma das vozes que se insurgem contra o candidato escolhido pelo PS Madeira, que prefere ver na Assembleia Regional do que na Câmara Municipal, e assegura que com ela estão mais socialistas da ilha dourada.Em declarações ao JM, diz mesmo que são “imensos militantes socialistas, desde os históricos até os inscritos mais recentemente, e ainda grande número de simpatizantes” que não concordam com o ‘eleito’ da direção do partido, situação que, recorde-se, o Jornal chegou a noticiar oportunamente.Indo mais longe, aquela que é também a líder da bancada do PS na Assembleia Municipal aponta o dedo ao presidente Paulo Cafôfo ao dizer que “os militantes não foram ouvidos, e as concelhias, tanto a anterior como a atual, nunca foram ‘tidas nem achadas’, desrespeitando os estatutos do partido, que são bem claros e dizem que a concelhia tem uma palavra a dizer na escolha do candidato à Camara Municipal”.“Se a escolha de Miguel Brito é consensual, por que não se reúne a concelhia e se faz uma escolha, através de eleições internas entre os militantes, como já aconteceu no passado? Se Miguel Brito tem tanta certeza de reunir consensos não deve ter receio de ir a eleições internas, pois elas só espelham a vontade das pessoas e são um ato legitimo em democracia”, considera.Teresa Leão (Lista B) perdeu a liderança da concelhia em dezembro passado para Sofia Dias (Lista A). Pela primeira vez na história do PS Porto Santo, conforme a própria realçou, concorreram duas listas e por diferença de seis votos a lista A ganhou.Um dos objetivos da lista B era lançar João Melim à Câmara Municipal, um jovem socialista que, conforme salienta a líder da lista, “ganhou as eleições, para a Assembleia da República, por uma margem ainda maior do que a conseguida por Miguel Brito um mês antes nas eleições para a Assembleia Regional”.A antiga líder da concelhia frisa que “a Lista B nada tem contra Miguel Brito” e lembra que foi com ela, enquanto presidente e com o seu apoio, que o atual deputado foi eleito para a Assembleia Legislativa Regional. “O nosso deputado tem feito um trabalho magnifico na Assembleia Regional. Nunca até hoje o Porto Santo foi defendido como tem sido com Miguel Brito. Por isso, deve ficar onde está, na Assembleia”, afirma a deputada municipal.Na opinião de Teresa Leão (que teima em dizer que não está sozinha), se o atual deputado for eleito presidente de Câmara, “o Porto Santo e o partido deixam de ter representação do Porto Santo nesta legislatura”.“Além disso, são coisas completamente diferentes: ser deputado e gerir uma Câmara Municipal”, refere a socialista que vê em João Melim alguém com “experiência política” e com “grandes capacidades profissionais e pessoais” para uma candidatura vencedora.Concelhia sem reunirPara além da questão do candidato, Teresa Leão queixa-se de que a concelhia ainda não se reuniu desde as eleições do dia 11 de dezembro, lembrando que, dos 15 elementos que a compõem, sete pertencem à lista B (de acordo com o método de Hondt à semelhança das Assembleias Municipais).“O Partido Socialista tem agora uma oportunidade de ganhar eleições, como há muito tempo não tinha. Tudo isso depende de um trabalho a ser feito com base na verdade e no esclarecimento da população e com um projeto para o Porto Santo, que, de uma vez por todas, tire a nossa ilha da inércia que está a viver há quatro anos”, defende. Quanto aos problemas do Porto Santo, diz que “já estão identificados” e que o que é preciso é dar as soluções e não criticar só por criticar”.FOTO JMCinco deputados municipais do PS pediram substituição na última AMNa última reunião da Assembleia Municipal do Porto Santo, realizada quinta-feira, cinco deputados do PS, incluindo a líder da bancada, foram substituídos.Contrariando a ideia de que este seria mais um indício do descontentamento dos socialistas perante o próprio partido, e de que os referidos deputados municipais teriam renunciado aos mandatos, Teresa Leão afiançou ao JM que se tratou de “uma coincidência”.Segundo a autarca, trataram-se de “substituições” e foram pedidas por “motivos profissionais”, apenas para aquela sessão.“Não renunciaram, nem o vão fazer, pois foram eleitos pelo povo e vão estar na Assembleia até ao fim. Como líder parlamentar, sei muito bem o que se passou”, assegurou Teresa Leão ao JM. ICPUB