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Mar 31, 2021 - 3 minute read

Dolores canta ‘Mãe querida’ no abraço ao filho único

João Paulo Wagner, filho único, teve ontem a primeira oportunidade de dar um abraço à mãe, institucionalizada, desde que a pandemia ‘se instalou’. E fê-lo com tanta emoção que quase não conseguia falar. Emoção
‘Mãe querida, mãe querida! O melhor que a gente tem. Não há outro amor na vida igual ao amor de mãe!’, foi a cantar a música de Jorge Ferreira que Dolores Wagner, utente do Lar de Santa Isabel, abraçou, vezes sem conta, o filho que ontem, pela primeira vez ao fim de um ano, teve oportunidade de lhe dar um abraço. Foi um abraço de plástico. Mas foi sentido. Muito sentido. A comunicação social acompanhou esta visita [a única da manhã] à referida instituição. Presente estava também a secretária regional da Inclusão e Cidadania. João Paulo Wagner apertou a mãe vezes sem conta. E deu-lhe beijos na testa. Nunca se deixou ir abaixo. Tinha de mostrar que era um Homem forte. Pelo menos à mãe. Mulher já com pouca capacidade para fazer as suas tarefas diárias e que se encontra institucionalizada há cinco anos. Dolores Wagner era das utentes que mais dizia ter saudades do filho. E dos netos. Aliás, foi das primeiras perguntas que fez ao filho. “Como estão os pequenos?”, questionou. Os jornalistas acompanharam os primeiros abraços e só se ouvia Dolores Wagner dizer um ‘muito obrigada’ a quem abriu as portas do lar. “Eu sou muito bem tratada cá dentro. Mas estava com tantas saudades” dizia, de olhos húmidos, a olhar para os jornalistas. Afastámo-nos. E depois dos abraços de ‘plástico’, Dolores Wagner ainda teve oportunidade de ficar a sós, durante uns minutos, com o filho. Primeiro, mais uns abraços. Sentidos. Que não foram suficientes para colmatar todos aqueles que não existiram ao longo deste ano de pandemia. Mas que serviram para Wagner se sentir mais leve. Depois, a dois metros de distância, falaram um pouco. E fez-se história nesta época de pandemia nos lares da Região, à responsabilidade do Governo Regional. Desde ontem, cada utente poderá ter direito a uma visita semanal de 30 minutos, desde que a mesma visita faça um teste rápido à covid-19 72 horas da hora do encontro. Já na rua e longe dos olhares da mãe, Dolores Wagner, João Paulo Wagner desmanchou-se em lágrimas. “Durante um ano, falávamos pelas aplicações criadas pela instituição. Agora, com este abraço, foi uma coisa emocionante. Espero que, futuramente, possa haver um beijo [pele na pele]”, disse. João Paulo Wagner admitiu que já teve oportunidade de a ver presencialmente mas este, foi de facto, o primeiro abraço ao fim de um ano de pandemia. Muito emocionado, João Paulo Wagner contou que antes da covid-19, Dolores Wagner ia passear com a família semanalmente. E nas épocas festivas, até ficava em casa. “Custou. Custou muito!”, sublinhou, embora tenha referido que concordou com todas as regras impostas. Sabia que era para o bem estar da mãe e dos 62 utentes do Lar de Santa Isabel. Sobre os filhos e a falta de contacto com a avó, João Paulo Wagner, que não conseguiu acabar a conversa com os jornalistas, disse que eles sentiram, como estão também a sentir a falta presencial de aulas. Sobre a mãe, sublinhou que esta manteve-se sempre positiva, embora com muitas saudades. João Paulo Wagner não volta para a semana para visitar a mãe pois quer dar oportunidade a outro membro da família. Mas diz que saiu, ontem, do Lar de Santa Isabel bem mais leve e feliz. “Eu adoro a minha mãe. Eu adoro Deus. Não posso abraçá-lo. Adoro a minha mãe mas o amor que a tenho, faz com que aguente!”, finalizou muito emocionado.