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Apr 5, 2021 - 3 minute read

Desgaste dos utentes aumenta agressividade

Lídia Ferreira, do SIM, diz não ter conhecimento de agressões consumadas mas assiste a um cansaço extremo dos utentes e famílias. Cansaço

 

Todos os dias, mais de cinco profissionais de saúde sofrem atos de violência por parte dos utentes em Portugal. Estes são dados do Ministério da Saúde. Informação que também garante que a pandemia veio agravar os atos de violência verbal e até física entre os doentes e ou familiares e aqueles que trabalham no setor da Saúde. O JM tentou perceber se, na Madeira, os nervos andam também à flor da pele, fazendo disparar o número de utentes que chegam a vias de facto nas unidades de saúde. A Ordem dos Enfermeiros diz que este ano, recebeu uma queixa de um profissional que foi agredido. Nuno Neves admite, contudo, que podem ter sido mais, as agressões e afiança que isso acontece sobretudo nas urgências, dadas as maiores restrições de acesso, quer de doentes, quer de familiares.

Já o Sindicato dos Enfermeiros da Madeira, que afirma que os profissionais de Saúde sempre estiveram sujeitos a este tipo de agressões, desconhece, contudo, que a pandemia da covid-19 tenha trazido mais gravidade à situação, muito embora a existência de apenas um caso já seja preocupante. Juan Carvalho refere que não notou que os colegas estejam a sentir mais agressividade daqueles que procuram ou precisam de cuidados hospitalares. Mas admite que a pandemia possa estar a provocar esses estragos.

O JM ouviu também Lídia Ferreira, do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que também desconhece queixas dos profissionais que representa relativamente a agressões neste tempo de pandemia. Ainda assim, a médica, que trabalha nas urgências, diz sentir e assistir, in loco, a muita falta de paciência, muito desgaste, muitas vozes alteradas, quer por parte dos doentes, quer por parte da família dos mesmos. E sublinha compreender, por vezes, os estados. A pandemia veio trazer muitos problemas não só aos profissionais de saúde, mas também aos doentes e familiares.

“Os doentes sentem-se desprotegidos. Uma vez dentro do hospital, não conseguem falar com os familiares. Os familiares ligam para o hospital e ficam, por vezes, muitas horas à espera. Desesperam por informação sobre os seus entes queridos. É preciso investir ao nível informático”, defende Lídia Ferreira, que afiança que há famílias que ficam cheias de nervos por contactarem, dias inteiros, para as unidades de saúde e não conseguirem saber do estado de saúde do seu familiar. “Não os podendo visitar, não conseguindo saber nada deles, ficam desesperados. É compreensível”, explica a representante do Sindicato Independente dos Médicos.“Quem está à frente do doente é o médico, o enfermeiro, o auxiliar, o funcionário do hospital. Todos estes apanham por tabela”, pois o utente “olha para nós como o pilar da Saúde”. No entanto, acrescenta, “o que é preciso e agilizar o sistema a todos os níveis. É preciso simplificar”. Além de trazer ao de cima, deficiências que já existiam no setor da Saúde, a pandemia pôs a nu outras que eram desconhecidas ou estavam escondidas. O JM tentou saber, junto do SESARAM, sobre se, de facto, também na Região, a pandemia agravou o comportamento de doentes e familiares para com os profissionais de Saúde mas não obtivemos resposta.