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Apr 22, 2021 - 2 minute read

“Deixem-nos trabalhar”

Foi diante da Assembleia Legislativa da Madeira (ALRAM) que apelaram, uma vez mais, ao Governo Regional para que levante as medidas impostas ao setor da cultura e das artes, nomeadamente no que respeita ao limite de cinco espetadores por evento cultural. Recorde-se que esta quarta-feira Miguel Albuquerque adiantou, à margem da visita às obras de conservação e restauro dos tetos mudéjares da Sé, que poderão ser aliviadas, na próxima segunda-feira, as medidas no setor da cultura e que a ideia é, inclusive, aumentar a lotação nas salas de espetáculo, mediante determinadas regras que visem a segurança da população [ler pág.4]. “Hoje, novamente, passados 11 meses depois da primeira vigília cultura e artes, só faz sentido fazermos um velório a pensar naqueles que já não estão connosco, aqueles que não podem exercer a sua profissão com dignidade e, também, a pensar em nós, porque já vai ficando difícil conseguirmos manter o barco à tona com estas situações todas por parte das tutelas regional e central”, afirmou ao JM Luís Pimenta, um dos organizadores do protesto em solo regional. Para ‘ressuscitar’ a Cultura, disse o porta-voz que será necessário “uma dignificação e uma preocupação a sério” sem “tentar menosprezar os artistas, dizendo que aquela e outra situação são mais flagrantes, porque isso é realmente discriminatório”, frisou Luís Pimenta, acrescentando que o facto de Miguel Albuquerque dizer que “a igreja e o teatro não são a mesma coisa” mostra “um profundo desconhecimento”. Simão Ferreira, outro dos organizadores da ação simbólica na Região, é músico e acabou a sua formação no Conservatório – Escola Profissional das Artes da Madeira em 2020. Ao nosso Jornal, reconheceu que o contexto pandémico tem sido complicado para o início da sua carreira, mas diz não entender a “dualidade de critérios” entre setores. “A única coisa que nós queremos e achamos que seria justo tem a ver com esta dualidade de critérios. Queremos é trabalhar, deixem-nos trabalhar. Nunca vai ser rentável fazê-lo com cinco pessoas a assistir a um espetáculo”, concluiu.
Atores, bailarinos, músicos, cenógrafos, trabalhadores independestes, entre muitos outros profissionais da cultura, juntaram-se assim esta quarta-feira para a pequena manifestação que decorreu entre as 08h30 e as 17h00, em frente à ALRAM. Ao longo do dia foram realizadas duas marchas fúnebres até à Secretaria Regional de Turismo e Cultura (SRTC), e, ao fim da tarde, foi entregue um pedido de audiência a José Manuel Rodrigues, presidente da ALRAM.