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Mar 9, 2021 - 5 minute read

Debates, ações de rua e exposições marcaram Dia da Mulher

Debates, em formato online, exposições e ações de sensibilização de rua marcaram as comemorações do Dia Internacional da Mulher, que ontem se assinalou. A maioria das iniciativas tiveram lugar no Funchal e serviram, uma vez mais, para abordar as velhas questões de sempre: mais direitos para as mulheres, num mundo ainda dominado por homens. Governo empenhado em alcançar “desejada igualdade e coesão social”

O auditório da reitoria da UMa, acolheu ontem um ‘webinar’ comemorativo do Dia Internacional da Mulher 2021, que serviu para lançar os “Indicadores Regionais 2020 - Mulheres e Homens da Madeira e do Porto Santo”.

Uma iniciativa da Secretaria Regional de Inclusão Social e Cidadania, através da Direção Regional dos Assuntos Sociais, que contou, com a intervenção de diversos intervenientes e onde foram abordados vários indicadores que “servem para uma reflexão aprofundada e que permitirão promover novas políticas de igualdade de oportunidades”, como explicou, no final da sessão, a secretária regional da tutela, Augusta Aguiar.

Reconhecendo que vivemos hoje “tempos únicos e muito desafiantes”, a governante lembrou que a pandemia da covid-19 trouxe “novas exigências, vivências e métodos de trabalho, que nos colocam à prova diariamente".

Sobre a apresentação destes indicadores estatísticos em diversas áreas, que incluem a demografia, a educação, o trabalho e emprego, a pobreza e a exclusão social, o poder e tomada de decisão, o voluntariado, a saúde e desporto, Augusta Aguiar referiu que “todas estas são áreas fundamentais no exercício de uma plena cidadania e no caminho para alcançar a desejada igualdade e coesão social na nossa Região”.

Aos presentes, destacou igualmente que estes indicadores mostram “a inegável trajetória ascendente da participação das mulheres nos mais diversos setores da sociedade madeirense e porto-santense, a que temos vindo a assistir nos últimos anos”.

Na mesma linha, Graça Moniz, diretora regional dos Assuntos Sociais, realçou o desenvolvimento que as mulheres têm alcançado nas várias áreas, enquanto que Paulo Vieira, diretor da Direção Regional de Estatística (DREM) preferiu destacar “a grande luta” das mulheres por melhores condições no seu dia-a-dia, realçando que, em cada quatro trabalhadores da DREM três são mulheres.

Marco Gomes, diretor regional da educação mencionou a importância que os dados estatísticos têm para criar estratégias e politicas no âmbito da educação e não só e Savino Correia, diretor regional do Trabalho e Ação Inspetiva salientou a oportunidade e a importância celebrar-se o Dia da Mulher.

Licínia Freitas, presidente da delegação regional da Rede Europeia de Combate à Pobreza focou o facto de o rendimento social de inserção ser bastante expressivo nas mulheres. 

Parta além destes, participaram também neste debate a deputada à Assembleia da República, Sara Madruga da Costa, João Carlos Abreu, a subdiretora regional da Saúde, Bruna Gouveia e Elmano Santos, diretor de Serviços do Desporto Escolar que revelou que apenas 30 % dos praticantes desportivos federados na Madeira são do sexo feminino.

 

 

Semana de luta para denunciar discriminações

Foi com a distribuição de um panfleto, pelas diversas ruas do Funchal, que a USAM, através da Comissão para a Igualdade da CGTP-IN, iniciou a “Semana da Igualdade”, com as comemorações do Dia da Mulher.

A iniciativa, sobre os “Direitos Laborais, Violência e Assédio Laboral”, focou-se na “igualdade para todos”, quer sejam homens ou mulheres, embora sejam elas as que mais que sofrem com as discriminações no mundo do trabalho.

“É nosso objetivo que esta semana de luta sirva para chamar a atenção e denunciar as discriminações e ataques aos trabalhadores, principalmente, às mulheres trabalhadoras, que em paralelo travam uma outra batalha contra a sua invisibilidade”, explicou na ocasião a dirigente Luísa Paixão.

Embora Portugal seja um dos países em que a legislação protege a igualdade, condena a violência de género e a discriminação a todos os níveis, Luísa Paixão disse que esta “não é uma realidade com que nos deparemos no dia-a-dia”.

O assédio moral e profissional, as desigualdades salariais, a precariedade laboral, o trabalho doméstico que não é valorizado e a chegada da pandemia – que acabou por expor ainda mais os fatores de risco laboral -  foram alguns dos temas expostos pela sindicalista nesta iniciativa de rua.

Numa altura em que o teletrabalho ganhou espaço, Luísa Paixão mostrou também preocupação quanto ao facto de a percentagem de mulheres a exercerem esta modalidade ser superior à dos homens, muitas vezes por relação direta com as responsabilidades para com a família.

Perante este cenário e a crise instalada por conta da pandemia, disse ainda temer que estas desigualdades sejam acentuadas e que haja o recuo de algumas conquistas.

 

“Mais do que palavras, importa dar exemplos de igualdade"

Foi com a abertura da exposição “FÉ menina”, um trabalho realizado em colaboração com a Associação OLHO.te (com o contributo de 67 mulheres e homens) e com um debate online sobre os “Direitos das Mulheres em Tempo de Pandemia”, em parceria com a UMAR Madeira, que a Câmara Municipal do Funchal assinalou ontem o Dia Internacional da Mulher.

Na abertura da exposição, que convida “à reflexão sobre a temática da igualdade de género”, o presidente da Câmara Municipal do Funchal destacou que, desde 2014, a CMF tem procurado batalhar para a questão das mulheres, onde, para além da criação de um Conselho Municipal para a Igualdade, também foi o primeiro município da Região a ter um Plano Municipal para a Igualdade".

Miguel Silva Gouveia recordou que, mais do que palavras, “importa dar exemplos de igualdade". Nesse sentido, revelou que o seu executivo é “completamente paritário, formado por três homens e três mulheres” e que este é um trabalho que extravasa para todos os serviços da autarquia, já que, cerca de 40% do quadro de dirigentes é composto por mulheres.

“Procuramos sempre o envolvimento e a participação de todos os cidadãos na vida da cidade, promovendo desta forma um dos vetores estratégicos da nossa governação e que passa precisamente pela equidade e justiça social. Caminhar para a igualdade é uma missão de todas as cidades livres, democráticas e justas, e o Funchal continuará a trilhar esse caminho, procurando sempre passar das palavras aos atos com bons exemplos”, concluiu o autarca.