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Apr 21, 2021 - 3 minute read

'd’A NOITE à madrugada’, do 25 de Abril ao palco

Nova produção da Associação Cultural GATO recorda Abril com uma adaptação de ‘A Noite’, de José Saramago. A estreia acontece online, às 00h00 deste domingo. É à

s doze badaladas da madrugada de 24 para 25 de abril que ‘d’A NOITE à madrugada’ estreia para assinalar a noite em que Abril se escreveu com maiúscula.

O novo espetáculo da Associação Cultural GATO - Grupo de Amigos do Teatro, com seleção textual, adaptação dramatúrgica e encenação de Sandro Nóbrega, chega até ao público sob a forma de transmissão online, tendo em conta a situação pandémica que ainda impede a realização de eventos para mais de cinco pessoas na plateia.

Sandro Nóbrega, da Associação GATO, explica que a ideia deste projeto, que adapta para o palco a obra ‘A Noite’, de José Saramago, surgiu para a Feira do Livro do Funchal dedicada ao próprio, tendo sido também idealizado a pensar nas comemorações do 25 de Abril do ano passado. Com o adiamento do evento devido à pandemia, surge agora a oportunidade de apresenta-lo, ainda que adaptado às restrições em vigor.

‘A Noite’ retrata “a madrugada que esperávamos e que, finalmente, chegou”, e “com ela, como um coro da primavera, vieram todas as contradições de Abril e do País que somos em perpétua construção”. O texto de José Saramago coloca as visões sobre essa madrugada numa redação de um jornal, “com personagens de uma época, apanhadas nas encruzilhadas da História”.

“Mas o vento não parou, os vampiros não venceram e nós, filhos da madrugada, somos herdeiros do que aquela geração começou a construir, para o bem e para o mal”, refere a sinopse do espetáculo.

Nesse âmbito, à ideia inicial de adaptar o texto ‘A Noite’, de José Saramago - um dos poucos trabalhos em teatro escritos pelo próprio - foram também acrescentadas outras cenas emblemáticas do texto saramaguiano, introduzindo na peça elementos como a poesia e músicas de intervenção, propondo assim um “movimento criativo de intertextualidade” com recurso à interpretação através da leitura em voz alta de texto, uma opção assumidamente adotada pela equipa como forma de adaptação aos tempos que correm, na dificuldade de realizar ensaios presenciais.

Desta forma, o texto de Saramago é assim parte integrante de um movimento oscilatório entre a poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen, Agostinho Neto, David Mourão-Ferreira e Manuel Freire e as canções de intervenção de Sérgio Godinho, José Afonso, Paulo de Carvalho e José Mário Branco.

O GATO, através deste “movimento intertextual”, pretende prestar homenagem não só ao autor, Saramago, como também “aos poetas e músicos, muitos, que elevaram a palavra e a manejaram como arma, enfeitada com cravos e com aroma a liberdade”, e ainda “ao País que somos, mesmo imperfeito, mesmo contraditório, com vontade de se cumprir”.

Esta produção do GATO e do Teatro Municipal Baltazar Dias tem no elenco Beatriz Abreu, Sandro Nóbrega, António Garcês, Rui Barata, Lícia Agrela, Henriqueta Teixeira, Afonso Garcês e Tiago Sena Silva, na música.

A transmissão online pode ser acompanhada gratuitamente às 00h00 do próximo domingo, nas redes sociais do Teatro Municipal Baltazar Dias e da Câmara Municipal do Funchal.