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Apr 12, 2021 - 3 minute read

Cultura exige ao Governo um palco de “dignidade e decência”

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Ma is de duas dezenas de profissionais juntaram-se este sábado em frente à Sé Catedral do Funchal para participar na vigília pela cultura e artes da Região. Cada um dentro do seu quadrado, desenhado no chão com fita, de frente para a igreja, um local escolhido também ele por carregar um determinado simbolismo, procuraram expor as desigualdades entre o seu setor, aquele que estava diante si e os demais. Esta iniciativa foi organizada por Luís Pimenta, Ricardo Brito e Marta Sofia, com vista a sensibilizar os órgãos governamentais para que, sobretudo, sejam levantadas as medidas impostas aquele setor, que vê desde janeiro o limite de cinco pessoas por sala de espetáculo, e para a difícil situação financeira em que estes profissionais se encontram. Todos os desígnios desta vigília foram expostos em alto e bom som pela voz de Luís Pimenta. “É chegado o momento dos profissionais da cultura da RAM, os que sobram e os que não estão silenciados, saírem à rua (…) manifestando-se contra a forma como têm sido vedados à entrada, desprezados, banidos e ignorados pelo Governo Regional, pela Assembleia Legislativa da Madeira, bem como pela DGS”, começou por proferir Luís Pimenta. Prosseguindo, lembrou que a vigília procurou agregar todos aqueles que viram as suas produções adiadas e as suas vidas em pausa por consequência da pandemia, aguardando que “alguém decida quando podem voltar a exercer a sua profissão com dignidade”. “Estamos em frente à Sé Catedral do Funchal, (…) um espaço religioso que, neste momento, pode albergar até 50% da sua capacidade, demonstrando que estas medidas são discriminatórias e pouco claras no sentido do combate à pandemia”, assinalou, lembrando também que os espaços comerciais e de restauração se encontram em funcionamento, com restrições muito menos apertadas. Apoios não abrangem todos Apesar de reconhecer que o Governo Regional tem vindo a adotar medidas de apoio financeiro para que determinadas associações consigam manter o seu plano de atividades, o artista afirmou que estas estratégias “apenas abrangem uma parte já de si beneficiada pelos apoios governativos”. Como tal, o organizador aponta que “urge por parte do Governo Regional um levantamento das medidas impostas ao setor da cultura e das artes”, considerando importante definir e legislar as estratégias de futuro do setor. “Exigimos ao nosso Governo Regional a urgência de colocar o setor da cultura e das artes no lugar de dignidade e decência que foi usurpado ao longo de anos de má conduta e gestão”, destacou. 
 Discrepância entre setores
Em apenas um ano esta é a segunda vigília realizada, numa espécie de “grito de alerta” para que as entidades governamentais deem suporte a estes profissionais. Ricardo Brito, profissional independente e outro dos organizadores da vigília, é um dos muitos artistas que ao longo do ano que findou foi realizando alguns trabalhos pontuais, mas deixa claro que só conseguiu subsistir devido às ajudas.
“Se não fosse o apoio que a Segurança Social atribui para a quebra de atividade de trabalhadores independentes (…) e as medidas complementares do Instituto de Emprego seria muito difícil conseguir levar o dia a dia”, admitiu, ressalvando, no entanto, que as “restrições no setor não têm acompanhado os apoios dados”.