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Apr 12, 2021 - 3 minute read

Covid-19: Negócios no ‘Little Portugal’ de Londres começam a desconfinar

Com a nova fase de desconfinamento em Inglaterra, os cabeleireiros reabriram hoje e o português Miguel Horta já tem as próximas seis semanas lotadas no seu salão em Londres. “Fico feliz porque estamos cheios até maio, o que é muito bom. Estava à espera de um ‘boom’ inicial, mas não uma coisa tão forte. Aqui [está cheio] até 22 de maio, no outro salão até junho ou julho”, disse Horta à agência Lusa. 

O estabelecimento “Le Salon”, em pleno ‘Little Portugal’, em Stockwell, no sul da capital britânica, é popular tanto entre portugueses como entre locais de outras nacionalidades, e atende homens e mulheres. 

O primeiro cliente esta manhã foi Tom, um residente local, que marcou o corte de cabelo em fevereiro, quando foi feito o anúncio do plano de desconfinamento.

“Já estava fora de controlo há vários meses. Tenho tido muitas pessoas a gozarem comigo no trabalho e nas videochamadas. Marquei muito cedo, assim que foi feito o anúncio. Eu sabia que o Miguel ia ser bastante requisitado, e tenho um dia cheio, por isso quis tratar disto cedo”, afirmou o britânico.

As medidas de segurança são rigorosas: além do uso de máscara e desinfeção das mãos, a temperatura do cliente é verificada à entrada e a roupa esterilizada com uma lâmpada ultravioleta.

O proprietário disse ainda que os horários são coordenados para que “os clientes não tenham os apontamentos [marcações] todos à mesma hora”, para haver um intervalo que permita desinfetar utensílios e cadeiras.

Na zona, vários outros cabeleireiros e salões de beleza também estava cheios e alguns tinham filas à porta, à semelhança de outras lojas no centro de Londres, nomeadamente de roupa. 

Além do comércio não essencial, também reabriram os tradicionais ‘pubs’, cafés e restaurantes, mas apenas nos espaços exteriores, como esplanadas.

Apesar de ainda estar frio, Ana e Sofia aproveitaram uns raios de sol para beber um café e conversar numa mesa à porta do Grupo Desportivo Cultural, também em Stockwell. 

“Há tempo que a gente está em casa sem fazer nada, é bom para ver os amigos e, pelo menos, para distrair um pedacinho”, disse Sofia, que celebra hoje o aniversário, mas sem exageros. 

“É mesmo só beber o cafezinho e vou para casa, não vou para ‘shops’ [lojas] nem nada disso. Ainda por cima as pessoas vão entrar em stress, em filas, e com crianças e tudo não dava”, explicou.

Para a mãe, Ana, a frequência do café é não só uma questão cultural, mas também uma questão de saúde mental. 

“O cafezinho tem de estar sempre em cima da mesa, seja de manhã, depois do almoço ou à tarde. É a nossa cultura. E a convivência com as pessoas, também é muito importante”, vincou. 

Na zona, os restaurantes portugueses sem espaços no exterior continuam fechados. 

A próxima etapa do desconfinamento está prevista para 17 de maio, quando será possível aos cafés e restaurantes servirem no interior também, mas o alívio das restrições só será confirmado uma semana antes, dependendo de a curva epidémica continuar em queda e sob controlo.

O Reino Unido é o país europeu com maior número de mortes, mais de 127 mil desde o início da pandemia de covid-19, mas é também o mais avançado em termos de vacinação.

Até sábado tinham sido imunizadas mais de 32 milhões de pessoas, das quais 7,5 milhões com a segunda dose.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.937.355 mortos no mundo, resultantes de mais de 135,9 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.918 pessoas dos 827.765 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.