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Apr 30, 2021 - 4 minute read

Covid-19: Comerciantes de Lisboa dizem estar a viver estado de calamidade

Os comerciantes da Baixa de Lisboa disseram hoje que estão a viver um “estado de calamidade”, por falta de apoios, considerando que o horário de funcionamento até às 19:00 aos fins de semana e feriados é “uma desmotivação”. Em declarações à agência Lusa, o presidente da Associação de Valorização do Chiado (AVChiado), Victor Silva, explicou que o comércio vai ter muitas dificuldades em dar a volta à situação devido à pandemia de covid-19, porque “muitos empresários ainda não receberam apoios”.

“Quanto a mim, o estado de calamidade é o que está a acontecer já na Baixa e no Chiado, no centro histórico de Lisboa. Neste caso, já não é preciso ser decretado o estado de calamidade, porque aí já está. É o comércio, é a restauração, está num estado de calamidade”, afirmou, ressalvando que uma das razões para a atual realidade é a de “apoios zero a milhares de empresas”.

De acordo com Victor Silva, a imposição do horário de funcionamento até às 19:00 aos fins de semana e feriados não é bom para o setor, defendendo um regresso ao normal pré-pandemia, que era até às 20:00 na sua generalidade.

“Não é o horário integral. Não se entende porquê é discriminado, quando o comércio tem máscaras. […] É mais um impedimento, é mais uma mensagem de restrição e mais uma desmotivação. Continuamos sem entender como é que se resolve este problema que está criado no centro histórico de Lisboa e continuamos sem entender qual é proposta [do Governo e do município]”, acrescentou.

A partir de sábado, a generalidade dos estabelecimentos comerciais e os centros comerciais vão poder ficar abertos até às 19:00 aos fins de semana e feriados.

A medida foi anunciada na quinta-feira pelo primeiro-ministro, António Costa, no final do Conselho de Ministros que aprovou a nova fase do plano de desconfinamento e a entrada do país em situação de calamidade, em substituição do estado de emergência.

Além do alargamento do horário aos fins de semana, as lojas e os centros comerciais passam também a poder estar abertas até às 21:00 durante a semana.

Questionado sobre o anúncio de hoje de manhã da Câmara de Lisboa de que vai apoiar a fundo perdido as empresas da cidade com mais 13 milhões de euros, Victor Silva afirmou que o município vai continuar a apoiar as mesmas empresas, falando em “injustiça empresarial”.

“Vão apoiar as mesmas empresas que já apoiaram antes, porque é o mesmo modelo, ou seja, vão deixar de fora novamente as empresas que tenham faturado acima disso [de um milhão de euros], […] isto não é por loja, é por empresa, a injustiça está aqui”, sublinhou.

Os apoios a fundo perdido para as empresas com contabilidade organizada, que registem quebras de faturação superiores a 25%, serão de dois mil euros se o volume de negócios anual for inferior a 100.000 euros e podem chegar aos cinco mil euros caso se o volume de negócios se situar entre os 500.000 euros e um milhão de euros.

As empresas que registam um volume de negócios entre 100.000 euros e 300.000 euros receberão três mil euros, enquanto as que têm um volume de negócios entre 300.000 euros e 500.000 terão direito a quatro mil euros de apoio a fundo perdido.

Já os empresários em nome individual poderão receber uma verba que varia entre os 500 euros e os 2.500 euros consoante o seu volume de negócios, de acordo com a Câmara de Lisboa.

Hoje, a Câmara de Lisboa apresentou uma nova fase do programa que apoia a fundo perdido as empresas da cidade, com mais 13 milhões de euros, tendo como objetivo ajudar à retoma da atividade após o período de confinamento.

“O que hoje aqui apresentamos é uma terceira fase deste programa de apoio porque estamos num momento em que o fim do confinamento e o início deste processo de abertura não vão permitir, de forma igual, a todas as empresas recuperarem”, afirmou o presidente da autarquia lisboeta, Fernando Medina (PS), numa conferência de imprensa realizada nos Paços do Concelho.

O autarca salientou que, num momento em que muitos trabalhadores estão em teletrabalho e em que os níveis da atividade turística estão longe do habitual, “a verdade é que muitas empresas hesitam em abrir plenamente a sua atividade porque podem não ter a procura suficiente para fazerem face aos encargos”.

“O que nós queremos com este apoio é dar esse incentivo extra, esse elemento adicional para que possam reiniciar a sua atividade”, reforçou.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.168.333 mortos no mundo, resultantes de mais de 150,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 16.974 pessoas dos 836.493 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.