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Feb 27, 2021 - 2 minute read

Covid-19: Argentinos protestam em todo o país contra o escândalo da vacinação VIP

Milhares de argentinos, em grandes protestos, pediram hoje a demissão dos envolvidos no escândalo de vacinação clandestina dos “amigos do poder”, aos quais foram administradas vacinas que pertenciam ao pessoal da saúde e aos idosos. Convocado através das redes sociais sob o lema “Basta de privilégios! Que renunciem os envolvidos”, o protesto contra a chamada “vacinação VIP” teve epicentro na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, em Buenos Aires, mas teve réplicas nas principais praças e avenidas do país.

Também houve uma forte manifestação em frente à residência presidencial para que o Presidente, Alberto Fernández, ouvisse a reclamação popular.

Bandeiras argentinas, buzinas, cornetas e panelas compuseram um cenário de indignação contra um esquema de vacinas que incluía o uso da ante-sala, anexa ao gabinete do ministro da Saúde, como uma sala improvisada de vacinação a ministros, legisladores e políticos aliados do Governo.

“Estou aqui para que renunciem todos esses corruptos. Agora roubam também as vacinas. São ladrões que se apoderam do Estado como se fosse algo particular. Quero que renunciem e que, a partir de agora, haja transparência na vacinação”, diz à Lusa Carlos Álvarez, de 67 anos, na Praça de Maio.

No dia 19 de fevereiro, quando o esquema de vacinação privilegiada foi divulgado, o Presidente Alberto Fernández demitiu o seu ministro da Saúde, Ginés González García, e deu por terminada a resposta do Governo ao escândalo.

“Sabemos de gente com menos de 40 anos que foi vacinada enquanto eu tenho uma tia de 93 que continua a esperar pela vacina”, compara Nélida Fernández, de 63 anos.

Na Argentina, a escassa quantidade de vacinas está reservada ao pessoal da saúde e, desde a semana passada, a maiores de 80 anos. Até agora, menos de 60% dos trabalhadores da saúde foram vacinados.

Porém, os “amigos do poder” conseguiram um atalho político que incluía três formas de vacinação clandestina: ou eram levados num transporte oficial até o hospital escolhido pelo Governo para atender os privilegiados ou eram atendidos em casa numa vacinação VIP ao domicílio ou eram atendidos no próprio Ministério da Saúde.