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Mar 2, 2021 - 3 minute read

Câmara Municipal de Santa Cruz acusada de incoerência no projeto do Largo da Achada

As obras de requalificação do Largo da Achada continuam a dar que falar. Numa nota enviada à redação, André Nóbrega, responsável pela “Petição para consulta e revisão do projeto da obra do Largo da Achada”, informa que, “finalmente”, a Câmara Municipal de Santa Cruz partilhou alguns elementos do projeto de intervenção neste espaço. No entanto, apesar de a autarquia ter garantido que “que nenhum do coberto vegetal do Largo da Achada será reduzido” e “que toda a intervenção que ali está a ser feita não pretende ir contra a memória de ninguém, mas tão só valorizar todos os elementos históricos”, segundo André Nóbrega, após a análise de algumas das plantas do projeto, foi possível identificar diversas incongruências, a começar pela efetiva redução de 39% (-955m2) das áreas dedicadas a zonas verdes comparativamente à disposição original. “Como termo de comparação, esta redução equivale a aproximadamente 2 ringues iguais ao do Largo da Achada”, destaca.

“A área dedicada ao Parque Infantil (espaço exclusivamente dedicado às crianças) é reduzida em cerca de -118m2, - 37% face à área original”, aponta a mesma nota, realçando ainda que “localização do Parque Infantil é adjacente ao ringue multidesportivo, expondo crianças com menos de 10 anos a bolas perdidas que podem causar acidentes, assim como a linguagem menos própria para crianças”.

“O piso em pedra, típico da história da ilha da Madeira, desaparece (tanto o calhau rolado como as placas de basalto - piso lajeado). Um tipo de piso com características históricas na ilha da Madeira com possibilidade de regularização, como visto em vários pontos da ilha (sendo Santa Cruz um desses exemplos, a que se junta o piso junto à Igreja do Monte, entre outros)”, acrescenta.

Nesta nota é ainda destacado o facto de que no projeto não está prevista a instalação de mesas de merendas, nem de bancos com encosto, considerados importantes para a “população mais sénior que procura no Largo da Achada uma zona de passeio, lazer, convívio e descanso”.

Enumerados todos estes aspetos André Nóbrega considera, assim, que as garantias dadas pelo Executivo do Município de Santa Cruz “voltam a não ser coerentes com os elementos apresentados nestas plantas”.

“Esta partilha do projeto, conseguida a muito custo, praticamente 2 meses após os pedidos de diálogo e consulta de um projeto mais realista, confirmam muitas das nossas preocupações”, afirma o camachense.

“Lanço o desafio de que o Município de Santa Cruz partilhe as plantas finais, com memórias descritivas, e de que explique a sua visão sobre a intervenção que estão a fazer no Largo da Achada, sem acusações de intenções políticas por parte dos Camacheiros que nunca se opuseram a uma reabilitação daquele espaço, mas que querem que a intervenção seja feita com critério e cuidado pela sua identidade”, conclui.