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Feb 14, 2021 - 3 minute read

Bandas Filarmónicas enfrentam dificuldades

Estes grupos musicais veem-se, agora, de braços com dificuldades financeiras, já que a maioria das suas atuações, sobretudo em arraiais, foram canceladas. A desmotivação é cada vez mais notória. [email protected] SNos últimos meses, as melodias e a alegria transmitida por estes grupos musicais acabaram por ser substituídas por sérias dificuldades financeiras e pelo desânimo provocados pela interrupção das atividades desde o ano passado, uma situação que foi relatada ao JM com muita preocupação. Aquilino Silva, diretor artístico da Banda Municipal do Funchal diz que as restrições impostas pela pandemia vão, inclusive, afetar a celebração do 170.º aniversário da sua banda, agendado para o dia 18 deste mês.“Todas as atividades da banda estão suspensas. Temos condições para ensaiar em segurança, mas não queremos ser um polo de propagação do coronavírus. Neste momento, a nossa Direção está a trabalhar para tentarmos assinalar o nosso aniversário, mas não vamos realizar qualquer confraternização”, explicou, apontando que a data será apenas assinalada por um grupo de sete elementos que vai tocar o hino à hora do içar da bandeira, no dia 18, e com a realização de uma missa, no dia 20, pelas 15 horas.A ausência de ensaios é outra grande preocupação deste responsável, que revela que esta paragem está a provocar desmotivação entre os elementos do grupo. “Estou preocupado porque todos os músicos estão em casa, muito possivelmente desmotivados tal como eu porque nós precisamos e vivemos de público. Com os ensaios parados estão a decorrer algumas aulas online nomeadamente de saxofone e clarinete, mas nem todos os alunos aderiram e estamos a notar que a desmotivação é por demais evidentes”, disse. A tudo isto junta-se ainda a diminuição de receitas, devido ao cancelamento das atuações, e que já levou a várias restrições financeiras, a começar pela suspensão do pagamento do salário do próprio diretor artístico.“Não concordo que a banda pague por um serviço que não estou a prestar, e a mesma coisa acontece em relação aos restantes músicos: tínhamos previsto pagar um valor simbólico referente aos ensaios de 2020, mas como não se realizaram atuações esses valores não foram pagos. Se atuarmos, recebemos, se não atuarmos, não recebemos”, lamentou.Já Rafael Mendes, diretor artístico da Banda Distrital do Funchal “Os Guerrilhas”, explica que a banda paga as suas despesas correntes com um pequeno subsídio que recebe da Câmara Municipal.“Estamos quase há um ano sem atividade e nós vivemos das nossas atuações, para além de que temos as nossas despesas correntes para pagar. Como é que vivemos?”, questionou, esclarecendo que o apoio da CMF é cedido ao abrigo de um contrato-programa anual. “É com essa verba, que tem que ser muito bem gerida, que vamos aguentando até ao regresso normal das atividades”, acrescentou.‘Os Guerrilhas’ também não conseguiram escapar à desmotivação que a pandemia trouxe consigo, dado que esta é a primeira vez em 150 anos que o grupo se viu forçado a interromper a sua atividade.Para combater este sentimento, Rafael Mendes conta que têm sido realizadas conversas à distância, sobretudo com os jovens aprendizes, de forma a transmitir esperança no futuro e algum alento. “Mas é uma tarefa muito complicada porque ser filarmónico é tocar junto com os outros”, apontou.