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Apr 19, 2021 - 3 minute read

Autoridades russas decidem transferir Navalny para hospital

Os serviços prisionais russos decidiram hoje transferir para um hospital prisional o opositor russo Alexei Navalny, em greve de fome há cerca de três semanas, apesar de julgarem que o seu estado de saúde é “satisfatório”. “Uma comissão de médicos (…) decidiu transferir A. Navalny para uma unidade hospitalar de presos situada no território da colónia penal n.º 3 da região de Vladimir”, cidade a 180 quilómetros a leste de Moscovo, afirmou o serviço prisional desta região num comunicado à imprensa.

O anúncio foi feito dois dias após o médico de Navalny alertar que a saúde do opositor estava a deteriorar-se rapidamente e que poderia estar à beira da morte.

De acordo com o comunicado, o estado de Navalny é considerado “satisfatório” e o opositor concordou em tomar suplementos vitamínicos.

O médico de Navalny, Yaroslav Ashikhmin, disse no sábado que os resultados dos testes que recebeu da família de Navalny mostram que o opositor apresenta níveis acentuadamente elevados de potássio, que pode causar paragem cardíaca, e níveis elevados de creatinina, que indicam problemas renais.

Navalny está em greve de fome para protestar contra a recusa das autoridades em permitir a visita dos seus médicos quando começou a sentir fortes dores nas costas e a perda de sensibilidade nas pernas.

O serviço prisional da Rússia disse que Navalny estava a receber toda a ajuda médica de que precisava.

Em resposta às notícias alarmantes sobre a saúde de Navalny, os seus apoiantes convocaram uma manifestação nacional para quarta-feira, o mesmo dia em que o Presidente russo, Vladimir Putin, deve fazer seu discurso anual sobre o estado da nação.

Navalny, o oponente mais feroz de Putin, foi preso em janeiro ao retornar da Alemanha, onde passou cinco meses a recuperar de um envenenamento por agente nervoso que foi atribui ao Kremlin - acusações que as autoridades russas rejeitaram.

A prisão de Navalny desencadeou uma onda de protestos em toda a Rússia, a maior demonstração de desafio nos últimos anos.

Logo após a prisão, um tribunal ordenou que Navalny cumprisse dois anos e meio de prisão por uma condenação por peculato de 2014 que disse ter sido forjada e o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos considerou “arbitrário e manifestamente irracional”.

No mês passado, o político foi transferido para uma colónia penal a leste de Moscovo, famosa pelas suas más condições.

Navalny reclamou que não dormia porque os guardas o examinavam de hora a hora toda a noite, e disse que desenvolveu fortes dores nas costas e dormência nas pernas semanas depois de ser transferido para a colónia.

As suas exigências de uma visita de um médico “civil” independente foram rejeitadas pelos funcionários da prisão, e entrou em greve de fome em 31 de março.

Numa mensagem da prisão na sexta-feira, Navalny disse que os funcionários da prisão ameaçaram alimentá-lo à força “em breve”, usando “camisa de forças e outros prazeres”.