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Mar 31, 2021 - 4 minute read

Autárquicas: Miguel Silva Gouveia estreia-se como cabeça de lista do PS no Funchal

O atual presidente da Câmara do Funchal, o independente Miguel Silva Gouveia, encabeça pela primeira vez a candidatura da coligação liderada pelo PS ao município e diz não temer qualquer adversário na corrida eleitoral. Em declarações à agência Lusa, Miguel Silva Gouveia considerou que a sua candidatura “é uma consequência natural” dada a sua integração e identificação com o projeto implementado em 2013, quando uma coligação de partidos [Mudança - PS, BE, PND, MPT, PTP e PAN], liderada por Paulo Cafôfo, afastou o PSD da governação do principal município da Madeira, que sempre detivera.

Para o candidato, este foi “um projeto de rutura com o passado, que tem dados frutos” e foi renovado nas autárquicas de 2017, com a coligação Confiança (PS, BE, PDR e Nós, Cidadãos!), altura em que assumiu a vice-presidência do município.

Num entrevista à Lusa no dia 19 de março, o presidente do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, disse que está em fase de constituição uma nova coligação no Funchal para as próximas autárquicas, “o mais alargada possível”, projeto que “ainda não está fechado”, porque as forças políticas estão em negociações com as estruturas nacionais dos respetivos partidos.

Engenheiro eletrotécnico, Miguel Silva Gouveia é autarca na Câmara do Funchal desde 2013 e substituiu, em junho de 2019, Paulo Cafôfo na presidência da autarquia, quando este decidiu “empenhar-se na candidatura à presidência do Governo da Madeira”.

Hoje, o autarca sublinhou que a sua decisão só poderia ser “continuar a canalizar esforços onde pode fazer a diferença”, no Funchal, e assegurou que “não foi empurrado por ninguém” para esta candidatura

Considerando-se um “presidente da proximidade”, Miguel Silva Gouveia destacou estar “confiante, sem dúvida, numa vitória eleitoral” e garante estar “preparadíssimo” e sem “qualquer receio, anátema ou problema seja o candidato que for”.

O candidato disse ainda não estar preocupado com uma eventual candidatura do atual vice-presidente do Governo Regional, Pedro Calado, encabeçando uma coligação PSD/CDS, candidatura essa que ainda não foi anunciada oficialmente pelos sociais-democratas.

À Lusa, Miguel Silva Gouveia argumentou que o seu trabalho como autarca na Câmara do Funchal “foi arrumar uma casa que foi deixada quase na bancarrota, num caos, precisamente por aqueles que querem agora regressar” [PSD].

“Acho que haverá aqui uma preocupação para com os fornecedores, que tinham prazos de pagamento a 400 dias, para com os trabalhadores da Câmara, que passaram a trabalhar 40 horas semanais, e para com os promotores imobiliários, que viam os seus projetos com imenso tempo para análise” no tempo da governação do PSD, opinou.

Referiu ainda que “nunca teve tantas forças de bloqueio como neste último mandato, o que não tem sido natural”.

Sobre as perspetivas de futuro, apontou que começam por “conseguir governar uma câmara com condições de governabilidade sólidas”, visto que tem acontecido “uma política de terra queimada de quem não foi escolhido para fazer, mas também não deixa que os outros façam”.

O candidato reforçou que o Funchal “emancipou-se” em 2013 e hoje tem “um projeto próprio assente na sustentabilidade financeira e ambiental”, assente numa “matriz de equidade e justiça social”, apostando na correção das desigualdades, na reabilitação urbana, habitação social, investimento inteligente, inovador e reprodutivo, promovendo o salto tecnológico do futuro, sempre com o envolvimento dos cidadãos na gestão da cidade.

“Não antevejo problemas maiores do que aqueles que a gestão política hoje já nos faz enfrentar”, observou, frisando que há uma “grande incógnita, uma incerteza enorme sobre aquela que é a maior atividade económica do Funchal, que é o turismo”.

O Funchal é o principal concelho da Madeira, sendo composto por 10 freguesias e onde residem 111.892 pessoas (Censos 2011), dos cerca de 260 mil habitantes do arquipélago.

O executivo municipal do Funchal, composto por 11 elementos, é liderado pela coligação Mudança (PS, BE, PDR e Nós, Cidadãos!) que tem seis vereadores, enquanto o PSD tem quatro elementos e o CDS um, todos sem pelouro.

Nas autárquicas de 2017, esta coligação obteve 42,05% da votação do eleitorado funchalense, representando 23.377 votos.

O PSD reuniu 32,05% dos votos, o CDS 8,59%, o MPT/PPV/CDC 4.03%, o PCP/PEV 3,62%, o PPM /PURP 2,37%, o PTP 2,23% e o PCTP/MRPP 0,89%.

Segundo a lei, as eleições autárquicas decorrem entre setembro e outubro.