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Apr 24, 2021 - 4 minute read

Aumenta procura por seguros contra catástrofes

Madeirenses mostram-se mais conscientes dos perigos de fenómenos extremos, como cheias, enxurradas ou até pequenas inundações. A procura por seguros que incluam cobertura a situações deste tipo tem aumentado. Por outro lado, ainda há pouca cobertura contra fenómenos sísmicos.
Com a ocorrência, ao longo dos últimos anos, e em particular na última década, de alguns fenómenos adversos na Região, nomeadamente ligados ao mau tempo, como enxurradas e inundações, tem também aumentado a consciência do perigo para os madeirenses. Um fator que tem pesado na hora de tomar decisões, levando a que cada vez mais se opte por seguros com cobertura contra catástrofes naturais e até mesmo, embora em menor escala, contra sismos. Carlos Barreto, gestor da área comercial da Zurich na Madeira, frisa que os seguradores têm vindo a observar “uma maior procura neste tipo de proteção e uma evolução positiva na gestão do risco doméstico por parte dos proprietários”. “Não obstante, é nossa convicção que haverá ainda muitos edifícios que se encontram desprotegidos contra catástrofes naturais, prevalecendo neste núcleo uma desproteção no que se refere à cobertura de fenómenos sísmicos”, ressalva, no entanto, lembrando que “os riscos catastróficos são uma realidade global e a Madeira não é exceção”. Falando do ponto de vista da atividade seguradora, e em particular da Zurich, Carlos Barreto explica que é disponibilizada uma oferta muito alargada para esta tipologia de riscos através das apólices de multirriscos, “as quais, na sua maioria, incluem no pacote de cobertura base, as coberturas de inundações e tempestades”. O responsável sente, por isso, que as pessoas estão cada vez mais sensibilizadas para os impactos e consequências dos episódios climáticos extremos, notando, por isso, maior procura neste tipo de proteção. Obrigatoriedade não é solução Sobretudo em relação à cobertura de sismos, há quem defenda a obrigatoriedade da proteção contra terramotos em edifícios no continente, dado o risco sísmico no País. No entanto, e numa aplicação da ideia à Região, Carlos Barreto não acredita que a obrigatoriedade seja suficiente. “Tendo em conta que os episódios climáticos extremos vão ser cada vez mais severos e frequentes, acreditamos que as respostas têm de ser coletivas e não individuais”, refere, acrescentando que “a obrigatoriedade destas coberturas pode ser importante, mas não será suficiente”. Assim, acredita, “o setor segurador deve trabalhar juntamente com os governos em parcerias público-privadas, que possam fornecer uma efetiva proteção financeira, que permita recuperar a sociedade dos impactos sofridos por estes eventos de magnitude elevada”. Por outro lado, o presidente da Ordem dos Economistas discorda da ideia de obrigatoriedade, salientando que o problema é a falta de recursos. “As pessoas não são parvas nem infantis. Não precisam de obrigatoriedade nos atos que lhes permitem ficar em condições de maior conforto e segurança”, frisa Paulo Pereira. “Se o seguro for uma solução que lhes dê essas vantagens e as pessoas não os fazem, temos de tentar perceber o que as leva a tomar essa opção e parece-me que passa por uma falta de recursos financeiros aliada a uma falta genérica de formação financeira, que as levam a optar por evitar ou não procurar fazer os seguros”, explica. Para o economista, a solução deve passar por dotar as pessoas de maior capacidade para gerarem e reterem riqueza para si – “crescimento económico” – e “criar condições para que aumente a literacia financeira em todos os escalões etários e sociais e adequados a cada um”. “Criar uma obrigatoriedade por falha de quem se compromete constante e arrogantemente a resolver esses dois problemas – Estado e políticos – não é mais que infantilizar as pessoas e disfarçar falhas acumuladas de décadas”, vaticina. Além disso, considera, “mesmo apesar de poderem existir boas intenções”, cria “consequências indesejadas e imprevistas, como por exemplo, um disparar do preço dos prémios por parte das seguradoras que, por saberem que passou a ser obrigatório ao cidadão comprar o seu produto, não precisam criar melhores produtos, mais adequadas coberturas, a melhores preços”.