A ministra da Cultura, Graça Fonseca, assegura que o Governo da República está atento às vulnerabilidades do setor cultural na Região. Nestes “tempos difíceis”, os artistas “são os elementos mais importantes”, garante, em declarações ao JM. Sendo a ultraperiferia um desafio que se coloca também no setor cultural, que, até esta segunda-feira, ao nível regional, tinha a tarefa dificultada de sobreviver com eventos limitados a uma lotação de cinco pessoas, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, garantiu que “todos os artistas têm a atenção do Governo da República”.
Questionada pelo JM acerca do trabalho do Governo central na valorização e apoio aos artistas das ilhas, que simbolicamente se pôde representar com a atribuição da medalha de mérito cultural a Lourdes Castro, Graça Fonseca sublinha que os trabalhadores deste setor na Região “não são artistas regionais, são artistas do País”. “Naturalmente que todos os artistas aqui da Região Autónoma da Madeira, tal como no continente, são para nós, Governo da República, os elementos mais importantes”. Reconhecendo os “tempos difíceis” que se atravessam um pouco por todos os setores, os profissionais da cultura “são aqueles para os quais temos de olhar, e para os quais estamos a olhar”, afiança.
No que concerne à artista madeirense distinguida esta segunda-feira pelo seu grandioso percurso artístico que começou nos finais da década de 50, Graça Fonseca realçou, ao Jornal, que “Lourdes de Castro é uma artista extraordinária, uma artista maior”. “O Governo já tinha decidido, em 2020, quando a artista fez 90 anos, atribuir a medalha de mérito cultural, e ontem, antes da passagem para Porto Santo, entregámos a medalha. Foi um ato muito especial”, considera.
Visibilidade à ultraperiferia
Arrancou esta terça-feira a Conferência do Porto Santo, sobre democratização da cultura e democracia cultural, no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia”, e o balanço é “muito positivo” deste primeiro dia do evento de dimensão internacional com um programa preenchido por vultos da cultura que decorre presencialmente e online.
“Optámos por fazê-lo aqui, na ilha do Porto Santo, esta conferência no âmbito da presidência portuguesa, precisamente porque nos parece que é importante dar visibilidade e levar para a Europa aquilo que é a realidade do Porto Santo e de uma região ultraperiférica”, explicou Graça Fonseca, que acredita que a realização de este evento que contou com a participação de responsáveis políticos, investigadores, programadores, agentes culturais, entre outros, será também um forte contributo para fortalecer a própria qualidade da democracia.
Numa visita à escola do Porto Santo, um projeto traçado aquando do lançamento do Plano Nacional das Artes, em 2019, tendo por objetivo a criação de um espaço de reflexão sobre a democracia cultural, a ministra da Cultura realçou que este é “um projeto emblemático” e mostra-se “otimista” quanto a “ter aqui permanentemente nesta escola um espaço de reflexão como aquele que se passa ali na conferência”.
“Esta forma de destacarmos, de darmos o mérito, de reconhecermos, de estarmos aqui na escola do Porto Santo, onde podem vir a realizar-se tantas atividades artísticas, é um trabalho que junta diferentes componentes e diferentes peças, mas sempre viradas para as pessoas e para aquilo que elas são. Neste caso, para os artistas”, concluiu.
Durante esta terça-feira, Graça Fonseca, acompanhada pelo secretário regional de Turismo e Cultura, Eduardo Jesus, pelo presidente da Câmara Municipal do Porto Santo, Idalino Vasconcelos, e restante comitiva, prosseguiram a visita à ilha dourada com um roteiro cultural.
Este teve início na sala de exposições do edifício dos Paços do Concelho do Porto Santo, onde se encontra patente entre abril e junho a exposição ‘O Porto Santo nas fotografias do padre Eduardo C. N. Pereira, seguindo-se uma visita ao Museu do Porto Santo, nomeadamente à Casa Cristóvão Colombo e ao Núcleo Jorge Brum do Canto, e à Escola do Porto Santo.