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Apr 26, 2021 - 3 minute read

Argumento de 'Uma Miúda com Potencial' dá Óscar a uma mulher treze anos depois

 Emerald Fennell levou esta madrugada o Óscar de Melhor Argumento Original pelo filme “Uma Miúda com Potencial”, que também realizou, quebrando um período de treze anos em que só homens venceram a categoria. Fennell, que recebeu a estatueta na cerimónia em Los Angeles, foi apenas a quinta mulher na história dos prémios da Academia a vencer nesta categoria sozinha. A última vez que tal tinha acontecido foi em 2008, quando Diablo Cody recebeu a distinção por “Juno”.

“Este filme foi feito pelas pessoas mais incríveis do mundo, que o fizeram em 23 dias”, disse Emerald Fennell, visivelmente surpreendida, no discurso de aceitação do Óscar.

A argumentista e realizadora tinha caracterizado a película como “um filme de pipocas venenosas” e explicou, nos bastidores, o significado dessa descrição.

“Sempre quis fazer algo que as pessoas quisessem ir ver, mesmo que fosse sobre coisas difíceis e perturbadoras”, afirmou. “Que ainda assim seria um filme que se vê com os amigos, com os parceiros, e do qual se fala a seguir”.

Fennell elaborou que a ideia é ser algo “que parece acetinado e feminino mas é repugnante, um tema muito difícil e sombrio”.

“Uma Miúda com Potencial”, protagonizado por Carey Mulligan (Cassie), conta a história de uma mulher que sofreu uma tragédia pessoal e passa a assumir uma vida secreta durante a noite em busca de vingança.

Uma mistura entre tragédia e comédia negra, o filme escrito por Emerald Fennell foi um dos mais falados da temporada e recebeu cinco nomeações aos Óscares, tendo vencido na categoria de Melhor Argumento Original.

Este tipo de “pipocas envenenadas” é algo que Fennell pretende continuar a explorar no futuro, disse na sala de entrevistas.

A realizadora também sublinhou a noite memorável de Óscares para o talento britânico, com vários vencedores de peso: Anthony Hopkins (Melhor Ator), Daniel Kaluuya (Melhor Ator Secundário) e Christopher Hampton (Melhor Argumento Adaptado por “O Pai”), além dela própria.

“É entusiasmante este ano ver tantos britânicos a ter sucesso num enorme evento internacional. Sinto-me muito orgulhosa e agradecida”, afirmou Fennell, elogiando o Reino Unido como “um sítio fantástico”.

“Dá tanto apoio às artes e há tanta gente incrivelmente talentosa”, continuou. “Penso que está a ficar cada vez melhor”.

A vitória de Fennell aconteceu na edição dos Óscares que bateu o recorde de nomeações para mulheres, 76, e em que várias barreiras foram quebradas, com destaque para a vitória da chinesa Chloé Zhao por Melhor Realização (“Nomadland”).

A 93ª cerimónia dos prémios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas decorreu entre a estação de comboios Union Station, na baixa de Los Angeles, e o Dolby Theatre, em Hollywood, com restrições devido à pandemia de covid-19.