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Apr 7, 2021 - 2 minute read

Acusada de homicídio diz que companheiro espetou-se quando tentou tirar-lhe a faca

A mulher acusada de ter esfaqueado mortalmente o companheiro em Estarreja, no distrito de Aveiro, em 2020, alegou hoje que a vítima se espetou quando tentava tirar-lhe a faca da mão, negando ter tido intenção de o matar. “Fui buscar uma faca, mas era para me matar a mim”, disse a arguida, de 46 anos, na primeira sessão do julgamento, no Tribunal de Aveiro.

O crime ocorreu no dia 15 de maio de 2020, cerca das 03:30, na residência do casal em Estarreja, na sequência de uma discussão relacionada com uma mensagem que o ofendido tinha recebido.

“Ele começou a maltratar-me. Eu chateei-me, sai da cama e atirei o telemóvel ao chão. Ele disse que me partia toda”, contou.

A mulher, que se encontra em prisão preventiva, referiu ainda que queria acabar com o seu sofrimento e dirigiu-se à cozinha para ir buscar uma faca, para se matar.

“Ele tentou tirar-me a faca da mão. Não tive força para segurar a faca e ele espetou-se”, relatou a mulher, que foi questionada várias vezes pela juíza presidente e pela procuradora da República sobre o movimento da faca.

A arguida disse ainda que as discussões no seio do casal começaram em 2019, quando descobriu que o companheiro a traía com várias mulheres, afirmando que era ele que a insultava, contrariamente ao que é referido pelo Ministério Público (MP), que acusa a arguida de homicídio qualificado e violência doméstica.

Disse ainda que andava “muito depressiva e com muita ansiedade”, em virtude dessas discussões, e negou ter ameaçado de morte o companheiro. “O que eu dizia era que me matava a mim, que não aguentava mais”, referiu, adiantando que chegou a cortar os pulsos para se suicidar.

A acusação do MP diz que após uma discussão com o companheiro, a arguida dirigiu-se à cozinha para ir buscar uma faca e perante o seu filho de 18 anos, que assistia à discussão, desferiu um golpe na direção do peito do ofendido.

A mulher retirou depois a faca do corpo do homem, que deu alguns passos em direção ao corredor da habitação, onde acabou por cair no chão e morrer.

O MP refere ainda que, desde finais de julho de 2018 e até ao dia 15 de maio de 2020, a arguida, com frequência quase diária, discutiu com o companheiro e, nessas ocasiões, “humilhou-o e rebaixou-o”, devido a desentendimentos relacionados com alegadas relações extraconjugais deste, tendo chegado algumas vezes a ameaçá-lo de morte.