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Apr 4, 2021 - 3 minute read

75% dos militantes do Funchal reprovaram Paulino Ascenção

A Comissão Coordenadora Regional do BE defendia a não renovação da coligação com o PS, mas a Assembleia de Aderentes do Funchal travou essa intenção e o líder bate com a porta, perspetivando-se eleições em junho. O BE na Região tem uma Comissão Coordenadora, que é a direção, com um coordenador eleito em Convenção Regional, no caso Paulino Ascenção, mas em matéria de autárquicas quem decide são os militantes de cada concelho, através da denominada ‘Assembleia de Aderentes’. Ora, no Funchal, essa Assembleia já se reuniu, com várias dezenas de militantes, pronunciando-se sobre a coligação e decidindo que a parceria é para manter, no ato eleitoral a ter lugar após o verão.

O veredito foi determinado aquando da apresentação da proposta da Comissão Coordenadora, no sentido de que não deveria haver coligações porque os interesses do BE não estariam salvaguardados. O resultado foi uma esmagadora derrota de Paulino Ascenção, que viu essa sua pretensão negada. Diz, quem lá esteve, que mais de 75% dos presentes inviabilizaram as intenções da Comissão Coordenadora. Uma maioria expressiva, que defraudou os mentores da proposta.

Conforme o JM deu nota a 17 de março, o coordenador do BE apresentou um documento reivindicativo das condições necessárias para que o seu partido voltasse a estar na coligação e, entre outras, pretendia a salvaguarda de lugares elegíveis em todos os órgãos, incluindo a vereação. Miguel Silva Gouveia, que há muito avisara, neste JM, que seria ele a elaborar a sua lista, disse que não. Muito menos sendo o BE a indicar o nome, caso essa representatividade se mantivesse.

Paulino Ascenção, arriscou, elevou a fasquia e perdeu porque os militantes do BE no Funchal não sancionam esta intenção, tendo a Comissão determinado, então, que “faz sentido ter a dirigir o partido uma equipa comprometida convictamente com o rumo que foi definido”, pelo, que, “assim sendo, a convocação da Convenção visa permitir aos militantes que aprovaram a coligação que assumam a responsabilidade de guiar o partido pelo caminho que escolheram”.

De resto, a Comissão mostrou-se surpreendida com a ‘desautorização’ de que foi alvo, lembrando que “era entendimento da esmagadora maioria dos seus elementos que não estava preenchidas as condições suficientes para a coligação”. Ademais, “foi duramente criticada pela forma como tem dirigido o partido”, sabendo o JM que essas críticas apontam, acima de tudo, para alguma inércia no resto do arquipélago.

Face ao exposto, a Comissão decidiu, então, ‘retirar-se do palco’, estando já alinhavada para 6 de junho essa Convenção Regional, com prazo para apresentação de listas e moções estratégicas até 30 dias antes, a 6 de maio.

O que se segue é uma incógnita. Até poderia acontecer que Ascenção voltasse a ir a votos, consagrando a ‘não coligação’ na sua moção e, caso fosse aprovada, se sobreporia Assembleia de Aderentes do Funchal. Mas, referindo-se que mais de 50% dos militantes do BE concentram-se no Funchal, esse é um cenário com nulas hipóteses de concretização.

Desta forma, inicia-se a ‘contagem de espingardas’ entre os adeptos da continuidade da coligação, sabendo-se que Roberto Almada já avisou que “nunca serei candidato nessa Convenção”, conforme expressou ao JM. E nestas movimentações, há um nome que não pode ser desprezado: Guida Vieira, uma das defensoras acérrimas da coligação.

Entretanto, tornar-se-ia premente, por uma questão processual, que um acordo de coligação seja ratificado antes desse dia 6 de junho, parecendo pouco crível que a atual Comissão Coordenadora, que se mantém em funções até aquela data, tenha predisposição para o fazer, ‘violentando’ os seus princípios. Em última análise, na recusa da atual comissão, a Comissão Política Nacional do BE poderá mandatar ‘alguém’ para o fazer, sabendo o JM que Catarina Martins está seguindo o enredo com particular atenção.